Cansada de tudo que começa. Hoje eu queria alguma coisa que continuasse.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Do que somos...
Gosto do cheiro das tuas mãos entre as minhas, como se me contassem em aroma que o lugar delas é ali, entrelaçadas, unidas numa promessa muda de constância e permanência.
Gosto do cheiro do teu corpo morno, mistura de sal e sol, que vai se desprendendo da tua pele ao meu toque, enquanto meus dedos percorrem o que sei vasto, o que levaria mil anos e um pouco mais para acreditar real, ainda que já saiba meu pela tua entrega muda. Tomo posse de ti a cada dia e consentes sempre mais sem nada dizer. Tu me mostras em cada poro, a cada eriçar de pêlos, que esteve sempre a minha espera, teu porto de sempre, a tempestade que temes e ainda assim enfrentas. Temes por teu pouco fôlego para o meu mar, mas eu te digo com meus olhos para que sigas, para que sejas em mim o tempo que apazigua a revolta, a ressaca da ausência. Que tu sejas de mim e em mim, fome e fúria que nunca saciam, torpor que se instala lentamente nas veias no enquanto. Enquanto estás ali. Enquanto estou ali. Que tu finalmente sejas a promessa que não cumpriste, que me resgate da rua deserta no meio da chuva na qual me deixaste. Que tu cubras minhas feridas com tua saliva. Que me sangres apenas pra ti, para que te alimentes da minha vida, do que me transborda, do que já é impossível conter. Que tu sejas de mim e eu de ti, o indivisível, o maior, doença e cura, sanidade e loucura, o início e o fim, a extensão inevitável do corpo e da alma, o que sempre fora desde então. Que tu sejas de mim e eu de ti o inegável fato, o que não se consome, busca e encontro, o inesgotável, a certeza que só se tem ao se viver um amor tão grande assim.
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